Sunday, February 12, 2006
Bicho Empalhado
(Luz... Porto)
Morro de medo de te perder.
Perder-te é ver-me amputada.
É ser Van Gogh muitilado,
Frida Kahlo aleijada.
Perder-te não é o abismo:
Nele já vivo há muito tempo.
É, antes, despencar-me,
Em vertigem infinda, rumo ao Nada.
É encarar o Caos de mãos nuas,
Elogiar a Loucura, sem Erasmo,
Trancafiar os "Loucos" em asilos.
É abrir aos criminosos as portas da cadeia.
Perder-te é romper o tênue contato
Que meus cacos ainda mantêm entre si.
É rasgar as fímbrias de minhas vestes rotas.
É desfiar, uma a uma, as cordas do meu coração.
Perder-te é ver-me só, de pijamas rasgados,
No centro de uma desconhecida metrópole.
É perder o auto-controle que nunca tive.
É soçobrar em meio ao gélido Mar do Norte.
Perder-te é ser enterrada viva
Em solo profano, como indigente.
É sufocar no balão de oxigênio,
Desbotar, desidratar, mumificar-me em vida.
5 Comments:
Luzia, sumi daqui e de tudo mais. Desculpa! Estou solta no ar. Sei lá onde estou. Belo texto. Beijo
descobrir-te
nem que seja só por escritos
foi viajar por mares infinitos
a lugares singelos, tão bonitos
de um coração poeta e aflito
que bate profundo no coração da gente
minha cara noctívaga:
que encanto será esse que te faz tão bem traduzir o coração dos românticos?
"Perder-te é ser enterrada viva"
morro-me só em pensar...
és cliente nobre de nosso botequim. alvíssaras ao novo tempo, onde os românticos misturam-se aos ébrios sem pudor. linkamos-te!
por onde andará clara torres?
Post a Comment
<< Home