Friday, February 10, 2006


RUBI
(Luz... Porto)
Cai uma lágrima
De meus olhos secos.
Lágrima-cristal
Corta -me os sulcos da face,
Fruto de noites insones
E de tormentos n'alma.
Lágrima de crocodilo
Traveste-me em carpideira
A velar meu coração congelado,
Vindo de eras glaciais,
Tempos imemoriais
Em que almas descarnadas
Vagueavam em bando:
Informes, disformes, amorfas,
Mais cegas do que nunca.
Cai uma gota de sangue
Do teu poema
Bem dentro de meu decote.
A gota, doce e espessa,
Desce lenta, deixando rastros no peito
Até alojar-se no meu coração
Que, fecundado, traz a primavera
E eu, pobre Bela Adormecida, por fim desperto.

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