Monday, April 11, 2016
Falsa missiva
(Luz... Porto)
Querido anônimo,
Enquanto festejas datas natalícias em
família, procuro me atualizar na cena carioca. Estive em um show em um hotel
fantástico, ótimo para lua-de-mel e encontros furtivos.
Na cobertura, há um espaço de péssima
acústica e de visual esplendoroso.
Apresentou-se um cantor e compositor
de coisas como uma berceuse composta em 1974 para a novela das dez, acompanhado
de quatro cantoras.
Como até então não conseguira o CD do
artista, à venda, sei agora, naquela lojinha de Copacabana que visitei da outra
vez, tudo foi novidade para mim.
Gostei muito e gostei mais ainda
quando, no encerramento do show, ele agradeceu a músicos da melhor estirpe da
MPB, às cantoras e à minha presença. Citou-me nominalmente. Deve
ser o efeito do tonalizante. Vermelho é fogo! Assim como o tal do Amor descrito
por Luís Vaz. Aquele que é tão contrário a si que só loucos como eu conseguem vive-lo
com intensidade, visto não passar de mera ilusão.
Eis que me pego lá no alto, entre a
Lagoa e a Praia de Ipanema, com direito ao Cristo, em algum lugar, olhando a
lua deslumbrante que ninguém conseguiu fotografar, quando o cretino cantante
chama uma quinta cantora, de voz poderosa para cantar... CHORA CORAÇÃO! Não
prestou. Acabei borrando a pouca maquiagem que usava. Daí ele emendou com um
outro chorinho de se cortarem os pulsos e a desgraça se fez. Imagem, gosto,
crista, cabelo com cãs, mãos de pianista, lagos no olhar... Doeu fundo.
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