Thursday, November 19, 2015

Chorei
(Luz... Porto)

Chorei porque juro, juro que houve um tempo em que me acreditava e provavelmente me comportava como a Musa de um eu-lírico tão poético, digno de entoar esse hino de amor a alguém tão inconspícua como eu.
Juro que li essas palavras nunca ditas no fundo de teus olhos negros de viajante perdido nessas paragens.
Juro que por uma fração de segundos minhas unhas carmim se alegraram e braceletes, colares, brincos, cabelos ao vento entoaram algum canto ancestral de sereias e senti que me seguias.
Imantada pelo meu perfume, tua sombra me espreitava por vielas, por esquinas. Cobria-me de flores para não ser vista. Em vão. Talvez o olor, quiçá a combinação de cores, algo em mim  fazia com que soubesses por onde eu estava a passar.
Havia música, sim. Havia a música das esferas, a música do silêncio, ou a música do mar que se ouve em conchas. Então dois sorrisos largos, dentes brilhando e o adeus final a se arrastar pelos anos.

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