Thursday, February 01, 2007


PROFECIA
(Luz... Porto)

Na borra do café turco
Que nunca tomei nem tomarei
A esotérica mulher meu destino leu.
Via ela coisas incríveis,
Inacreditavelmente banais,
Surpreendentemente irrealizáveis.
Ela viu o Amor chegando,
Vindo de tão longe e de tão perto
A mim que nem curto Wim Wenders...
Amor-pássaro, fugidio, errante.
Amor-bolha-de-sabão, desfazendo-se no ar.
Amor-palmeira, cravado em meu coração.
Ela viu as voltas que Saturno faz
E previu o seu retorno,
Veementemente negado,
Ansiosamente esperado,
Desleixadamente esquecido.
Retorno breve, leve, fugaz.
Retrato de um sonho bem sonhado,
Desses que deixam a marca
De asa de anjo em nosso rosto
E, no fundo do pote de mel,
Um gosto amargo de vazio, de incorpóreo,
De um leve sopro em minha boca
Que me atrai mais para a morte que para a vida.

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