Saturday, December 20, 2014
AO CORVO
(Luz... Porto)
O vento que soprava nos trigais
Era o mesmo que espargia meu cheiro
De fêmea tua, largada pra trás.
Caso fortuito, breve e passageiro.
De Poe, o corvo grasna: "Nunca mais!"
Meu ar de moça, lépido e fagueiro,
Envelheceu ao saber-se fugaz.
Feriu-se com teu tiro mais certeiro.
Não chora, disseste-me, ocupado
Em que eu alterasse o rumo traçado.
Dele te afastares? Sei... Incapaz!
Para, coração! Não vês que assim morres
Um pouco no dia-a-dia que escorre
Na ampulheta do tempo voraz?
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