Saturday, May 21, 2011


Ulisses

(Luz... Porto)

Bardo cego

A quem as Musas a visão tomaram,

Sei que pouco vês.

Mas bem mais que meus olhos cansados

Consegues fazer.

Vate sagrado

De cuja existência alguns duvidam,

Bem sei – e como!- o quanto existes

Mas nesse meu degredo

Às vezes penso que de alma penada

Não passas.

Eu, sem-terra, sem-amor, sem-filhos,

Expatriada desde antes do ventre materno,

Em ti vislumbrei minha remota Ítaca.

Icei âncoras, inflei velas,

Embriagada rumei para teus braços.

Porém, Circe que eras,

Em felino me transformaste.

E hoje sonho a vida que não tive

Ou vivo o sonho a que me condenaste.

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