Ulisses
(Luz... Porto)
Bardo cego
A quem as Musas a visão tomaram,
Sei que pouco vês.
Mas bem mais que meus olhos cansados
Consegues fazer.
Vate sagrado
De cuja existência alguns duvidam,
Bem sei – e como!- o quanto existes
Mas nesse meu degredo
Às vezes penso que de alma penada
Não passas.
Eu, sem-terra, sem-amor, sem-filhos,
Expatriada desde antes do ventre materno,
Em ti vislumbrei minha remota Ítaca.
Icei âncoras, inflei velas,
Embriagada rumei para teus braços.
Porém, Circe que eras,
Em felino me transformaste.
E hoje sonho a vida que não tive
Ou vivo o sonho a que me condenaste.
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