Sunday, April 26, 2015

NOVA EURÍDICE


(Luz... Porto)



Miro-te nas lonjuras que nos separam. Subo ao monte mais alto de minha aldeia e grito baixo o teu nome. O eco e o vento me trazem palavras tuas. Já ditas, reditas, malditas. Não importa. Todas sabem-me à fruta fresca, colhida no pé. Sorvo-as, vagarosa, uma a uma. Sinto-lhes as diversas texturas, os aromas sutis, os paladares diferentes. Dessa comunhão saio renovada e grávida do vazio. Sei que do vazio primordial nascerão o dia e a noite, a luz e a sombra. Adormeço nua em meu travesseiro de plumas. Surpreendo a manhã com meu hálito e o brilho renovado no olhar. Posso, então, compor em paz.

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