Saturday, February 21, 2015

SCARLET LETTER


(Luz... Porto)





Tivesse eu o dom de, com a pena,
Transmutar o meu penar
Em coisa simples e leves,
Certamente endereçaria a ti uma carta.
De amor? Não sei...
Uma carta com arco-íris, borboletas,
Pôr-do-sol, algodão-doce, pirilampos.
Uma carta tal que nos fizesse esquecer
Os longos desenganos, 
As estradas tortuosas por que trilhamos,
Fazendo com que tu ficasses de um lado,
Eu, de outro, com um abismo
A nos separar em definitivo.
Não tenho, entretanto, esse dom
-Sabe Deus se algum eu terei!-
Então emudeço e envio a missiva,
Um Kandinski monocromático,
Pontilhado de vermelho
Do meu sangue ralo extraído
Ao apertar contra o peito
As rosas que perfumam
O fino papel branco que, em lágrimas, te envio.

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