Thursday, February 01, 2007







ESSE AMOR
(Luz... Porto)

Meu amor, manso riacho,
Tem o volume do Amazonas,
A extensão do Nilo.
Corre por vales, despenhadeiros,
Corta florestas, matas e desertos.
É oásis para o beduíno sedento,
Corredeira para o aventureiro,
Leito de morte pata o suicida.

Meu amor, tão volumoso e extenso,
Tão viajado, erudito, quiçá cobiçado,
Às vezes ,como o velho Chico,
Seca, escasseia, quase morre.
Conhece as agruras do sol escaldante,
Sente a indiferença dos que por ele passam,
Vê a miséria às suas margens
E cala-se num choro sem lágrimas.

Meu amor, pororoca barrenta,
Fenômeno ancestral da natureza,
Força que traz a vida
E pode a tudo destruir, desolação.
Esse amor que me assusta
Eu o guardo numa caixinha de fósforos
Para que não te petrifiques,
Para que não fujas ao vê-lo.

Esse amor, diante de ti,
Semi-cerra os olhos, encolhe-se, tímido,
E escorre por entre teus dedos
Longos, finos, delicados,
Incapazes de retê-lo, de sorvê-lo, de aceita-lo
E penetra em silêncio
Nas fendas das pedras musguentas
No solo árido de teu ser.

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