Saturday, May 21, 2011


Pessoal e Intransferível

(Luz... Porto)

Nestes versos sem rima,

No poema sem ritmo,

Meu coração arrítmico se espraia.

Nesta ode sem metro,

No metro quadrado de meu corpo,

Eu, ectópica, desterrada estou.

Em minha cantiga sem amigo,

Sem amor, sem escárnio, só tédio,

A passagem das horas se demora.

Tênue linha que separa meu Rio do teu,

Onde o pôr-do-sol, lânguido, se alonga,

Mas em que não me banho,

Rio que não mais visitas.

Neste meu corpoterritório

A cartografia do desejo

Não passa de borrões desbotados

A desenharem um jardim de delícias

De que pouco desfrutaste.

Meus vales de onde jorram leite e mel

Secaram com teu descaso.

E se foi isto o que o Acaso quis

Pouco se me dá neste ocaso:

Sou eu esta morta-viva

Que no Letes se afogará.

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