Por alguma razão, permanecemos no cinema e assistimos de novo. Fiquei encantadíssima com a Fada Azul e com a música WHEN YOU WISH UPON A STAR. Até hoje choro com ela.
Do alto da minha infância, eu chorava, em parte, por ver no boneco de madeira a semelhança com a criação do Homem. O amor do Criador pela Criatura. Gepetto, de gorro e camisolão, faz o pedido à estrela. Um pedido impossível. Como um boneco de madeira pode se tornar um menino de carne e osso?
As fadas existem para isso, suponho. Essa, ao contrário de outras, não faz exatamente uma mágica. Submete o boneco a provas. Difíceis. Há de se provar o caráter, a têmpera, para se conseguir a vida. E não a eterna...
Chorei porque o boneco era um boneco menino, dado a travessuras, sugestionável. Pensei em Adão e Eva. Por que proibi-los de comer o fruto de apenas UMA árvore? Pareceu -me cruel. Certamente o foi. Por conta de UMA falta, perdemos o Paraíso. Por conta da credulidade, Pinóquio quase não consegue o seu desejo. Pausa. Seu desejo. Do Criador ou da Criatura? Para ser salvo, o boneco de madeira oferece sua "vida" para salvar o Gepetto. Então a bela Fada Azul, a que ostenta uma estrela na testa, volta e há o final feliz.
De todas as fadas dos desenhos, a Fada Azul é minha favorita. Ela é mais democrática. "When you wish upon a star makes no difference who you are..." Não faz diferença quem você seja. Ela vai lhe conceder seu desejo, de acordo com o seu merecimento.
Conversando com uma amiga querida, disse-lhe que gostaria de ser visitada pela Fada Azul. Que precisava dessa visita. Muito gentilmente, ela, que me chama de fada, disse que eu sou a própria Fada Azul. Quem dera... Mas fiquei feliz e honrada com a comparação. Como boa junguiana que sou, o Face me devolve essa foto, postada há muitos anos. Ela tem um valor especial para mim. Minha médica, que além da medicina, entende muito de artes variadas, foi pintar o banheiro do consultório, após o conserto de um vazamento do andar de cima. O teto ficou meio manchado, era difícil tirar as manchas, então ela fez o que era sábio: transformou o teto em um céu. Tento, há anos, encontrar alguém que saiba reproduzir, esse céu com anjos, nuvens e borboletas, no meu quarto.
Parece uma besteira, mas adoraria ver, desfocado pela miopia, esse céu onde coexistem anjos, borboletas, pássaros e... gansos! Vejo gansos!. A esse céu eu acrescentaria outras imagens, as que eu bem entendesse. Um cometa, com certeza. Muitos gostam de espelho no teto. Eu não. Gosto é de céu. Dormiria e meu espírito, chamado pelas angelicais criaturas alçaria voo rumo às alturas, até que um dia alcançasse o infinito.
Como não posso te dar o seu pedido, só rezar e torcer por ele, envio meu texto e meu céu. Veja o privilégio: não gosto de dividir esse céu de que me apropriei apenas na fotografia. Vamos voar por sobre as nuvens até a tempestade passar? Você, que entende de asas, me ensina?
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