Thursday, August 17, 2006



Mal do século
(Luz... Porto)
Contemplo os teus cabelos
E o contraste que fazem
Contra a cortina branca.
Não é a primeira vez que olho os teus cabelos
Mas é a primeira vez que olho os teus cabelos.
Eles mudam de cor conforme a luz.
Toco teus cabelos sedosos
E um arrepio percorre-me a espinha.
Teu desejo desvirginou-me o olhar
E me encontro cega diante da luz.
Eu, que tanto amo véus,
Transparências e mortalhas,
Vejo então que como Adão e Eva
Ao serem expulsos do Jardim do Éden
Estou nua, de uma nudez total,
Anterior à minha própria concepção.
Tento fechar meus olhos
Para proteger meu pobre corpo
Mas a mancha castanha dos teus
Me seduz e atrai a sendas não trilhadas.
Sinto apenas as lágrimas escorrerem
Grossas e lentas pelos sulcos de meu rosto
Que te contempla patético.
Percebo, finalmente,
Que fui acometida por um ataque súbito
De Poesia Aguda, severo e letal.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Às vezes me espanto com as belezas que já vi, porque se modificam... São raras as belezas, não? Velhas ou novas são belas e sempre serão.

Daline.

01 September, 2006 19:23  

Post a Comment

<< Home