JUNHO
(Luz... Porto)
Subitamente irrompe-se a porta num clarão.
Olhos se abrem lentamente em meio à
Névoa do sonho e à luz do sol.
Hoje acordaremos cedo,
Os jardins se abrirão em flores
Suculentas, úmidas, multicores
E o verde da grama, da relva,
Resplandecerá por sob o
Orvalho da noite recém-finda.
Tico-ticos, sabiás, colibris
Invadirão o azul do céu da manhã
Cinzenta do nosso outono febril.
Os mares se esverdearão:
Sargaços, algas, plâncton e sêmen
De peixes e baleias no cio.
Exóticos animais, submersos para todo o sempre,
Umedecerão nossos olhos marejados de
Maresia, poeira, fuligem e lembranças
Ambientadas nas gavetas secretas de nossas almas
Nuas, noctívagas, errantes. Embriagadas na
Orgia do desejo não consumado:
Inquietas, trôpegas, sonâmbulas,
Tateando no escuro de suas moradas
Em que habitam tijolos, azulejos,traças e mofo.
Devaneios, delírios, voragem,
Expostos aos olhos crus da paixão
Outrora renegada, sufocada, reprimida,
Ultrajada pelo escárnio, ironia, desdém de
Todos os que as cercavam. Pobres almas
Oriundas de eras tão distantes,
Nunca ou quase nunca visitadas por
Outras almas comuns e banais.
3 Comments:
Acróstico magnífico, Dama.
Eu-lírico que narra uma situação sublime, mágica...
Palavras doces, escolha perfeita...
As hortensias são do jardim :-) da casa onde nasci :-)
Ficaram lindas aqui.
Curioso encontrarmos coisas nossas onde menos esperamos.
Beijo,
Cris
Dama Noctívaga
poética figura
sorri dentes
olhos iluminados
lábios adornados
levemente molhados
encandecentes
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