Tuesday, August 08, 2006



INTENSA
(Luz... Porto)
Insaciável, irascível, irracional,
Porém inebriante e inefável
Esse desejo premente
Que me toma o corpo, as vísceras,
O pensamento, as sensações.
A urgência que nunca se satisfaz,
Que nunca cessa, que grita muda,
Em meu peito acelerado
É o que me torna
A mulher que não sou:
Rosto tranqüilo, poucas marcas do tempo,
Mãos ternas e firmes para o carinho.
Abraço de mãe, de madrinha.
Corpo bem-comportado
Insinuando-se, de leve, por dentre
Fendas, decotes, transparências.
Cabelo arrumado, ar respeitável.
Pois a mulher que sou,
Puro impulso, puro instinto,
Essa mulher primitiva, selvagem,
Feixe de nervos, músculos e artérias,
Voz, suor, sangue e lágrimas,
Pode te assustar de vez
Por te parecer indomável
E fazer com que te afastes de mim para sempre.

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