Friday, August 11, 2006


OÁSIS
(Luz... Porto)
Estrelas no céu,
Estrelas em teu olhar
Parecem refletir apenas
Os sóis que me povoam a alma.
Sol roxo, lua negra...
Sóis meus, só meus...
Teu sorriso idiota
Estampado no rosto
Jovial e alegre,
De uma alegria um tanto contida,
Parece me dizer "Eu te amo".
Eu, tola romântica,acredito.
Crio a ficção de que estou em ti
Como sempre estiveste em mim.
Acredito em tuas mãos,
Em teu corpo, em teu desejo.
Acredito para não sucumbir,
Acredito para dar um sentido
À falta de senso
Em que mergulho minha vida.
Finjo crer no ressurgir da chama,
No reacender da brasa adormecida.
Finjo não me saber estrada secundária,
Oásis ocasional,
Refúgio intermitente
Que sempre estará lá
À tua espera,
Embora eu já não possa
Esperar mais nada...
Tenda no deserto
Em que tu, nômade errante,
Sedentário por vocação,
Pernoitavas com a freqüência
De um círculo completo de Saturno.
Talvez precises de mim
Para teres um passado onde te abrigar,
Para te consolares
Com a vida que poderia ter sido mas não foi.
Para que o não-vivido dê um colorido especial
Ao tédio e à solidão
Que acabaram povoando tuas noites
Sem luar, tornadas vazias
Por um capricho dos deuses
A rirem de nós no topo da escadaria
Enquanto nossas almas se espatifam
Desoladas nas lajotas da casa assassinada.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home