Saturday, June 17, 2006


BERCEUSE
(Luz... Porto)
Dorme, minha alma,
Dorme.
Adentra o mundo dos sonhos
Sem sustos:
Os seres que ali habitam
Não querem te assustar.
Dorme, tranqüila...
Repousa o corpo cansado no meu colo
E recebe teus fantasmas.
Eles só querem conversar
E te contar segredos, espanar as traças
Largadas nas poltronas de tua madrugada insone,
Nos cantos mofados de teu guarda-roupa.
Eles só querem um pouco de ar, um pouco de luz.
Eles estão cabeludos, com unhas grandes
Porque não lhes cortas os cabelos nem lhes aparas as unhas.
Traze deles a lembrança de outras vidas.
De vidas possíveis, de vidas paralelas, de vidas imaginadas.
Dorme sem diazepam,
Sem maracujina, sem hipnose.
Dorme como um gato,
Abandonada e alerta.
Abandono para os sonhos,
Alerta para a vida.
Dorme, que não tarda a aurora
De dedos róseos, mas já sujos de fuligem.
Deixa que ela te conduza
Para o sol que brilha tímido
Numa longa jornada dia adentro.

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