Wednesday, August 30, 2006


(IN) SENSATEZ
(Luz... Porto)
Meus olhos, faróis apagados,
Reverberam no silêncio triste
Das madrugadas cinzentas.
Meus tímpanos, taróis perfurados,
Calaram-se na balbúrdia
Do trio elétrico carnavalesco.
Minha língua, serpente pisoteada,
Não percebe mais a maciez
Ou a aspereza da pele amada.
Minha pele, couro curtido,
Cega-se ante à claridade
Deste sol pulsante de meio-dia.
Minhas narinas, com pelos totalmente imóveis,
Não percebem a doçura nem o travo
Dessa paixão desatinada.
Meus neurônios, peixes nadando no seco,
Mal reconhecem o olor das rosas
E a putrefação de meus esqueletos escondidos.
Meus pés, barro esmagado,
Só me levam ao delírio,
À alucinação e à demência.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home