Saturday, June 17, 2006


Luz de Emergência
(Luz... Porto)
Só funciono em blackout,
Em tsunami, em furacão.
Só sirvo para atender o 911.
Aí eu entro em cena,
Faço respiração boca-a-boca,
Ressuscito pacientes com parada cardíaca.
Subo em árvores, telhados,
Para resgatar gatos acuados.
Entro em briga de cachorro grande,
Aplico antitetânica,
Injeto adrenalina na veia
E então tenho valia.
Nos dias de calmaria,
De sol de verão,
Fico guardada na prateleira, esquecida.
O telefone não toca,
O interfone não chama.
Quando a brisa sopra suave
Não tenho companhia.
Pintou depressão, pânico, angústia,
Vontade de se suicidar,
Eu apareço, sou procurada.
Precisam de minhas palavras,
Minhas mãos, meus abraços, minha voz.
É prova final, recuperação,
Eu entro em ação.
Só não sirvo para a rotina,
A não ser para aquela dramática,
Para os almoços de domingo,
Bares de sábado,
Chopps de sexta,
Jantares de gala.
Por isso fui batizada
Como eu fui.
Ainda no ventre materno,
Minha mãe adivinhou-me a sina,
Talvez num pesadelo ou sobressalto.
Mas da santa que me nomeia
Restou-me uma
Única e solitária função:
Ser luz de emergência.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

De forma intensa esta poesia apresenta uma dramatização de um grande conflito interno embora apresentasse tamanha força é demostrado tambem uma fragilidade, o q ao meu ver ocasiona o impacto sagas da poesia, quando o contrastante se choca e nos causa um impacto profundo de reflexao.
Uma poesia viva, moderna, atual vislumbrante de percepçao conjuntamente de emoçao racional.
De otima qualidade é claro.

03 July, 2006 07:05  

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