Monday, September 25, 2006
MORRESTE-ME
(Luz... Porto)
Título inspirado em José Luís Peixoto
Morreste-me em madrugada fria,
Em noite chuvosa, ventosa.
O frio acoplou-se-me à alma cansada.
Olhei à minha volta
E meu coração agreste estava árido.
A paisagem cinza,
A cinza das horas,
Pesou-me no peito oprimido.
Envelheci uns vinte anos em vinte minutos:
Enrugou-se-me o rosto plácido,
Embranqueceram-se-me os cabelos negros
Curvaram-se-me as costas eretas,
Coagulou-se-me o sangue nas veias,
Rios subterrâneos com seus afluentes vitais.
Congelei-me qual Bela Adormecida
Entorpecida em semi-vigília.
Zumbi errante, percorria suave
A casa vazia,
Os amores esvaídos.
Morta-viva, nem saída
No suicídio encontraria.
Espectro cansado, abatido,
Vagaria para sempre
No limbo do não-esquecimento.
2 Comments:
Quem nunca viveu a dor desse morrer? Talvez quem nunca amou... lindo, Luz!
Cadê o texto ÚTERO? e os textos que eu comentei?
Você está deletando seus escritos ou é impressão minha?
DALINE.
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