Wednesday, August 30, 2006


Nárnia
(Luz... Porto)
Depois que você se foi
Nada ficou igual - e por que ficaria?
Rasgaram-se as persianas de alto a baixo,
Nelas só restou a inicial de seu nome.
Trincaram-se os cristais
Ante meu grito emudecido na garganta.
Murcharam as rosas
Cuidadosamente dispostas no Murano antigo.
Quebraram-se os vidros de todas as janelas
E o bafo fétido da morte
Entranhou-se no apartamento.
Eletrodomésticos fizeram-se selvagens,
Espatifando-se contra os azulejos da cozinha
E um curto-circuito lesou-me os neurônios.
Vieram as estações. Pontuais.
Uma após a outra.
As traças, os cupins,
Os vermes continuaram a roer
Os móveis, as portas, os tacos:
Tudo permaneceu congelado
Pela eternidade adentro.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Cuide de seus poemas, poeta, já disse isso uma vez para você e repito: os olhos curiosos sabem bem o que é bom.

Carinho, Daline.

01 September, 2006 19:01  

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