Thursday, August 31, 2006


Onírica
(Luz... Porto)
Há de chegar o dia
Em que o Embuçado de minha insônia virá,
Apeará de seu corcel negro
E, cortesmente, me convidará a dançar.
Há de haver o dia
Em que o mastim hidrófobo
Que cerca a entrada da casa térrea
Será apenas um cão sedento a me abanar o rabo.
Há de vir o dia
Em que a família que me abandona ao crepúsculo
Tornará à casa paterna
E me levará a um piquenique à beira-mar.
Há de ser o dia
Em que as trevas espessas de meu pesadelo
Serão iluminadas pelo clarão alaranjado
De um arrebol arrebatador e ameno.
Há de se fazer o dia
Em que estarei descalça e só de pijamas na rua.
E disto não me envergonharei
Nem o asfalto, nem as pedras machucarão meus pés.
Há de se aproximar o dia
Em que eu e minha metade negra
Nos fundiremos em uma só mulher-pássaro
E voaremos em meio à queda do balaústre.
Há de se construir o dia
Em que tua falta e tua distância já não me doerão tanto
Pois ao acordar sobressaltada no meio da noite
Verei a mim mesma velando por meu sono a meu lado.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Belíssima poesia.

Não há ou haverá outra igual, poeta.

Se tuas palavras alcançam a minha profundidade, porque antes alcançaram a sua, é porque não são mais simples palavras, são versos.

Um beijo da amiga de sempre,

Daline.

01 September, 2006 18:57  
Anonymous Anonymous said...

tanta vida há aqui...

02 September, 2006 11:08  
Anonymous Anonymous said...

tanta vida há aqui...

02 September, 2006 11:08  

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