Tuesday, October 03, 2006


Abissal
(Luz... Porto)
Meu amor é um diamante bruto
Escondido entre os rochedos.
Só quem o conhece é o mar.
os que por ali passam
Tomam-no por cristal de rocha qualquer,
Gema de segunda, pedra sem valor.
O mar generoso e perseverante
Lapida-o aos poucos
De forma quase imperceptível.
Eu submissa deixo-me ser trabalhada
Por vagas tão vorazes e ágeis.
Sei que da minha solidão
Só elas tirarão o real valor.
Meu quilate, se avaliado,
Só o será depois que eu me morrer
Submersa, soterrada,
E descansar enfim
No seio abissal do mar
Que será meu leito conjugal
E meu féretro de cetim.

4 Comments:

Blogger BM said...

Que dor! Espera pela morte, alcance da redenção? Ir ao mais submerso do mar em busca da paz?
A tumba de cetim ficou linda, de uma escolha lexical perfeita.
Ainda bem que o quilate do "amor" deste eu -lírico será muito bem avaliado pela imensidão do mar.

05 October, 2006 09:24  
Anonymous Anonymous said...

Sabia você que suas belas palavras me caem na alma como uma loucura que não se sabe feliz ou triste? Fico pensando nos amores, nas outras pedras brutas que os outros mares não querem conhecer... Fico pensando no esquecimento de um amor por milênios, milênios de anos no ar... A gente tenta não se afobar, mas é difícil. Sei lá...

Beijos, Daline.

26 October, 2006 16:56  
Anonymous Anonymous said...

Adoro a intimidade com que tratas o mar, acho que és um pouco marítma, entendedora das ondas, das garrafas, dos náufragos e, claro, do amor que está em cada onda, que é como a espuma, que brilha na lua e morre na areia...

28 October, 2006 21:09  
Blogger jujudeblu said...

Olá!
Passei no seu blog e gostei muito! Bonita poesia, e tuas imagens!
Quando der, me visite também, para eu não perder o seu endereço, ok?
Bom fim de semana!

11 November, 2006 11:07  

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