Saturday, April 29, 2006


Resposta
(Luz... Porto)
Meu olhar embaçado fita o Nada
E nele vê ou pressente vultos difusos
Meus olhos baços trocam olhares
Com os que por mim passam.
Mas se há viço em outro olhar
Eles não sabem me dizer
Pois a luz que neles brilhava
Apagou-se antes de ver você.


Girassol sem Catavento
(Luz... Porto)
Como foi que esta ausência em mim penetrou,
Assim de mansinho,quase sem se fazer notar?
Como ela foi capaz de me quebrar cristais,dentes,
De romper músculos,nervos,artérias?
Como foi que saíste de mim sem que eu visse?
Quando acordei,de ti só restava o pijama
E o vazio marcado na cama inda quente.
Que fiz eu para merecer tamanho descaso,
Desdém,frieza,cansaço e respostas irritadiças?
Por que não me disseste que querias aventuras,
Bicicletas, pipas,caminhadas ao poente?
Por que não elogiaste os ônibus lotados,
Os trens de subúrbio,as vans piratas,
As lojas populares,os camelôs?
Por que fizeste tão pouco caso de minhas griffes,
Meus perfumes importados,meus cremes,meus sais?
Por que desprezaste meus soirées,minhas sedas,
Meus cetins,meus escarpins,minhas botas
E não fizeste a apologia das havaianas,
Das bermudas,camisetas e bandanas?
Por que me deixaste assim,fêmea no cio,
Loba a uivar na noite escura das florestas,
Espatifada em negligées,espartilhos e essências raras,
Se o que procuravas era uma mulher sem vaidades?