Thursday, November 15, 2007


Menina na Lua
(Luz... Porto)



A menina perdida na lua
Chorava sua solidão astral.
Veio então a Estrela D’Alva
E deu-lhe de presente
Roca para fiar.
A Aurora de róseos dedos
Fios tênues de sol lhe cedeu
Para que com eles ela pudesse bordar.
Então o rosto da solitária menina
Iluminou-se de raios de luar
E ela pôs-se a desenhar
Filigranas, mosaicos, mandalas
E na roca começou a traçar
Tramas, tranças, fios de ouro
Que se multiplicaram, multiplicaram
E longamente se alongaram, formando
Sedosa colcha para se aninhar.
Embalando, aquecendo, envolvendo
Seu frágil corpo tão alvo e gélido
Até que a vistosa malha
Contornos definidos tomou
Emoldurando rosto suave de princesa nórdica
Cujos olhos profundos
Passaram então a velar seu sono conturbado
E a menina pôde enfim voltar a sonhar.