Friday, January 06, 2006



IMERSÃO
(Luz... Porto)
O nirvana,
O incenso,
O sândalo,
A mirra,
Na cabana escura.
A luz verde tenta em vão
Aquecer o corpo frio,
O coração inerte,
As mãos esvaídas,
A tez pálida.
A alma partida
Não se cola ao som dos mantras,
Nem com o aroma da rosa selvagem
Que na terra brotou de teimosa
E agora se desfaz na água tépida do ofurô
Em meio a cristais fugidios
E a velas que se apagam
Junto ao sopro daquela vida estúpida.

Monday, January 02, 2006


Farta de mim
(Luz... Porto)
Na tela do meu sonho
O diretor grita: "Corta!".
Acordo meio zonza
Com tremores na aorta.
Vejo, então você,
Parado no batente da porta
E é o seu olhar vazio de mim
Que me faz, por fim, perceber
Quanto minha vida é torta
Quanto valho menos viva do que morta.




Rimas Reles
(Luz... Porto)
Em busca do meu norte
Arrisquei minha sorte.
Logo eu, de nobre porte,
Quis fazer-me de forte.
Terminei a vida em corte;
Agora, só me resta a morte.



Concessivas
(Luz... Porto)
Embora ainda te ame,
Mesmo te desejando cada vez mais,
Apesar de toda a profundidade de meu sentimento,
Não acreditas em mim
E teus olhos, negros e duros,
Zombam de mim por trás dos muros.
Teu coração fechou-se num cofre
Cuja chave perdeu-se no mar.
Minhas palavras, tontas e sinceras,
São tratadas como meras balelas.
Teu corpo, agora rijo,
Não se aninha mais no meu.
Meu toque de carícias
Só encontra agora o vazio.
Embora eu esteja com sono,
Varo a noite qual cão sem dono.