Monday, June 22, 2009


Diabólico Festim
(Luz... Porto)

Me perdi só, tonta e cega, em teus braços
De nossa valsa restou nem compasso
Tuas cartas e fotos eu amasso
Queimo ervas para esquecer teu abraço
E tudo se funde e confunde em mim.

Tento encobrir com kajal meu fracasso
Bebo chá pra esconder meu cansaço
Mas quando sonho, acordo é em teu regaço
E me aquece teu olhar de mormaço
Naufrago em teus cabelos de sargaço
E afundo e me inundo num mar sem fim.

Meu sofrimento e a dor eu amordaço
Junto armas e teu rastro em vão eu caço
Cavo olheiras, nos olhos, o inchaço
Lágrimas secas gelaram-se em aço
Toda fagulha de amor eu rechaço
Tranco a casa e da arma há o estopim.

Sunday, June 21, 2009


A Górgona
(Luz... Porto)

A morte me ronda
Me espreita funesta
A morte me sonda
Me quer na sua festa.

A morte circunda
Com fauces vorazes
A morte me inunda
Com dedos audazes.

A morte acompanha
Minha triste sina
A morte abocanha-
Me desde menina.

A morte assombra
Aos moços e aos velhos
A morte é uma sombra
Em meu epitélio.

A morte levou-me
Pai, filho, avós
A morte secou-me
Em quentes anzóis.

A morte é certa
Derradeiro algoz
A morte liberta
Deus, vela por nós.