Saturday, November 25, 2006



A ETERNIDADE DE LUZIA PORTO
(sobre argumento sugerido por Drummond)
Chicco Lacerda
O dia amanhece claro e pulsante e logo todos me perguntam:
?Onde andará Luzia Porto???
Em vão transfiro a questão ao amigo Caio Fernando,
este mal sabe do paradeiro de Dulce Veiga...
Já Sófocles, ultimamente, bem que andou soprando em seus ouvidos
idéias sobre uma peça inspirada num modesto poema
sobre um encontro entre Plutão e a Piedade,
mas jura que há dias não a vê...
Não adianta, eu perguntaria a mil poetas, e nada.
Vocês devem procurá-la no horizonte.
Vão, o que estão esperando? Lá, entre uma ilha e outra.
Ela é porto, mas também é nave; é mestra, mas também é poeta...
Veleja seus sonhos ao vento da vida
faz frases flutuarem em fofas fronhas de flanela.
quem ousará acorda-la? O Chicão? Está viajando...
A Bruninha? A Cláudia? O João? Vamos logo,
alguém precisa chegar perto do leito de vagas de seu incerto sono
e dizer-lhe acerca do dom que possui,
a cota que lhe cabe de eternidade...
Quem terá coragem?? Quem terá a honra??
Tudo bem, tem que ser eu??
há um nome que não se cansa de ecoarem meus ouvidos, em meus momentos de paz
ou angústia
em minha transitória condição humana...
ora é verbo no pretérito, ora é poema sucinto oração insubordinada...
Luzia
Afinal, seremos ambos anjos?
Não sei. Talvez.
mas ela veio ao mundo num cochilo das potência divinas,
trouxe à Terra o esplendor que tinha lá, no Infinito.
Veio ao velame deste barco beco mundo
soprando a plenitude
que somos.