Tuesday, October 03, 2006


Abissal
(Luz... Porto)
Meu amor é um diamante bruto
Escondido entre os rochedos.
Só quem o conhece é o mar.
os que por ali passam
Tomam-no por cristal de rocha qualquer,
Gema de segunda, pedra sem valor.
O mar generoso e perseverante
Lapida-o aos poucos
De forma quase imperceptível.
Eu submissa deixo-me ser trabalhada
Por vagas tão vorazes e ágeis.
Sei que da minha solidão
Só elas tirarão o real valor.
Meu quilate, se avaliado,
Só o será depois que eu me morrer
Submersa, soterrada,
E descansar enfim
No seio abissal do mar
Que será meu leito conjugal
E meu féretro de cetim.