Thursday, January 08, 2009


QUASE LUZ
(Luz... Porto)

Quase luz, quase sombra, quase vento,
Tempestade, fúria, furacão e maremoto.
Quase romance, quase gozo, quase sentimento,
Tudo muda, pouco fica, contínuo moto.

A tez pálida contrasta com o tom hindu.
Sol forte se alterna com lua argêntea.
Dedos longos deslizam pelas teclas
Do piano ébano e marfim que nunca toquei.

Ocasos, crepúsculos, marés, calmaria.
Seixos, cascalho, rouxinóis e orvalho.
Dores, danos, demência, delírios
Passeiam por entre árvores, faias, carvalhos.

Oceanos rugem, a terra treme, corpos gemem.
Estrela polar, cruzeiro do sul, breviários, missais.
Rosários de contas de rosa, santificados, beatíficos.
Céus róseos tingem-se de azul plúmbeo.

Nuvens cheias de dedos prenunciam o arrebol.
A chuva, o solo fertilizado, repleto de húmen.
O transbordar da natureza, o ciúme dos deuses.
Nós, mortais, abandonados no promontório
Da desgraça, dos abutres, das feras.

Quase luz, quase sombra, quase vento.
Um coração quase pueril...
Quase um amor...
Quase nós...