Saturday, April 01, 2006



LUZIA
(Chicco Lacerda)
Lendo o coração da madrugada
Uma a uma, as estrelas fui conhecendo
Zero foi a nota que dei às outras
Influenciado pelo brilho da mais bela
Aquela que me ouve agora, você.


FOGO
(Chiquinho, agora Chicco Lacerda)
luzia o alvorecer
um foco no espaço
e uma ave alçou vôo
em busca do horizonte
luzia ao crepúscul0
um favo de mel
mergulhou na torrente
e virou constelação
constelavida
estrelas nos olhos
luzia um forte calor
ante à sonora suavidade
do meu rioceano


NOCTÍVAGA
(José Veloso de Sousa, Juji)
À noite quando minha taciturna alma passear pela casa
Não se ouvirá o ranger do assoalho
Nem o eco de seus passos corredor adentro.
Minha alma sombria não vai esbarrar nas cadeiras
Casualmente esquecidas fora dos lugares
E nem vai alvoroçar as baratas acendendo luzes para se guiar.
E pela manhã, quando o sol inundar a cozinha,
Não vai se encontrar nenhum copo sujo, a mais, na mesa
Nem farelos espalhados pelo chão.
Minha soturna alma nada muda, nada é.


NIRVANA
(Luz... Porto)
Quero ser tua
Num leito de rosas,
Numa banheira com óleos odoríferos.
Quero ser tua
Em cima da grama,
Na praia deserta, na areia escaldante.
Quero ser tua
À sombra de árvore frondosa,
À beira de riacho doce
Ou sob um lampião a querosene.
Quero ser tua
Num beco qualquer,
Numa ruela escura,
Num motel de beira de estrada,
Num hotel de rodoviária.
Quero ser tua
Inteira ou aos pedaços.
Com carne, unhas e dentes,
Boca, músculos, nervos e cor.
Quero ser tua.
Quero que sejas meu
Até que eu me dissolva
Em água do mar,
Água de chuva,
Água de rio,
Até que de ti
Só reste o sal...


NIHILISMO
(Luz... Porto)
Não te peço nada,
Não espero nada,
Não desejo nada...
****
Só a calma,
A paz desse momento,
Que vem de mim prara mim
E não de ti para mim.
***
Não perdôo nada,
Não esqueço nada,
Não relembro nada...
***
Só o aço frio
Da lâmina cortante
Que rompeu minhas veias
Em rios de sangue.
***
Não carrego nada,
Não transporto nada,
Não levo nada...
***
Só minh'alma vazia,
Meus olhos calados,
Minha boca surda,
Meus ouvidos cegos,
para doar, exausta,
Ao barro de onde vim.

Monday, March 27, 2006



OXIGÊNIO
(Luz... Porto)

Meu beijo molhado,
Ardente, marcante, marcado,
Retrai-se diante de tua recusa,
De teu asco,
Do escárnio da tua língua
Que rejeita a minha, invasora,
Invasiva, ávida por tua saliva,
Por teus dentes, teu céu da boca...
Tuas mãos me afastam,
Tua boca me beija de leve, num selinho
E dizes que já não consegues respirar
Com minha presença.
Baixo os olhos, desprendo-me de ti
E recoloco minha máscara de oxigênio,
Pois com tua ausência
Quem sufoca
Sou eu....