Friday, November 17, 2017

CORROSÃO
(Luz... Porto)


Meu corpo estraçalhado
Emerge trôpego e vacilante
Do abismo em que me afundei:
Areia movediça e pantanosa
Que me chama de volta ao lodo.
E nesse vai e vem,
Nesse tomba e levanta
Em que arrebento pernas,
Braços, joelhos e juntas,
Nem sei se me reconstruo
Ou se me destruo de vez.
De meu corpo corroído, devorado
Por Harpias, vermes, insetos,
Formou-se um véu filigranado
Por onde escoam lágrimas,
Sangue, suor, bile e pus.
Putrefação, estupor e cansaço.
Resta a alma... Que resto!
Ela espera e se esvai pelos veios,
Pelas frestas, rumo ao Nada.